
Quem acompanha o Três e Meio sabe o quanto eu era apaixonado pelo Fiat Palio Sporting que tinha na garagem. Aliás, pelo Palio em geral. Foi um modelo que acompanhou a minha família por muitos anos, em diversas fases: tivemos todos os Palio \”ímpares\”, vamos assim dizer (G1, G3 e dois G5), sem contar os derivados e outros que passaram pelos parentes.

O Palio \”nasceu\” junto comigo, em abril de 1996, e depois de 20 anos se despediu do mercado. Em 2017, entrou em cena, então, o Fiat Argo, em uma sucessão não muito assumida pela Fiat, mas que logo ficou evidente. Embora o novo modelo tenha perdido muito carisma ao adotar um nome inédito, ele foi eleito para suceder o Palio também na garagem de casa.
Por que troquei um Palio Sporting 1.6 EtorQ 2015 — um \”esportivado\”, com suspensão mais baixa, câmbio com relações mais curtas e direção mais esportiva— por um Argo Trekking 1.3 — um \”aventureiro\”, com suspensão elevada e voltado para o conforto — é assunto para outra hora. O que importa é que a compra foi feita no dia 19 de dezembro de 2020 e, mesmo com o carro no estoque da concessionária, a retirada só veio a acontecer em 08 de janeiro de 2021 — uma demora explicada por festas de fim de ano e pandemia.
Hoje, escrevo com aproximadamente 1.000 km rodados no carro — um número bem menor do que o que teria rodado no mesmo período se estivéssemos na fase pré-pandemia, já que estou em home-office e, por conta do coronavírus, só saio para atividades essenciais (mas confesso que acabei dando algumas voltas com o carro sem sair da cabine ou escolhendo caminhos mais longos para conhecê-lo melhor 😂).
Está interessado no Fiat Argo? Então escute este episódio:
Em que pese também a recomendação no manual do proprietário de não se exigir muito do motor nos primeiros 1.600 km, aqui vão algumas das minhas observações gerais, divididas em pontos negativos e positivos.
Pontos negativos
Não há muito para reclamar do carro em si e, no geral, nada do que vou dizer aqui me deixou realmente incomodado. O pior de tudo foi, na verdade, o processo de compra, que é muito burocrático e demorado, com idas e vindas, sem contar negociações estressantes. Além, claro, do fato de ter que abandonar o \”Bravinho\”, modo como carinhosamente chamava o meu Palio Sporting.

Retirada do carro. Já na entrega do veículo uma pequena derrapada: o carro demonstrava alguns sinais de sujeira e o plástico das portas, na parte inferior, estava um pouco arranhado. Mas o responsável pela entrega foi muito solícito e nos poupou tempo ao perguntar o que eu já sabia do carro para não ter de repetir. O retrovisor do lado esquerdo estava com uma pequena falha, acredito, de polimento.
Convivência inicial. Algo que me incomoda consideravelmente é a falta de um porta-objetos no qual possa deixar o meu celular conectado ao fio sem que o conector fique muito dobrado (o que pode causar a sua ruptura no futuro). Tentei vários lugares e em nenhum deles o aparelho — um iPhone de 6,1 pol. — se acomoda bem, fica “dançando” ou “batendo” nas partes de plástico, escorregando etc. Também notei que o para-brisa embaça muito facilmente quando se está com os vidros fechados, mesmo com a ventilação ligada; se o ar-condicionado está ligado, não tem problema, mas se é só a ventilação, mesmo na velocidade máxima, o vidro chega a embaçar em menos de 5 minutos.

Chave do carro. Como fã da Fiat, e isso sendo uma tradição de família, muitas chaves de veículos da montadora já passaram por aqui. Em casa, além do Argo, há também um Fiat 500 Cult e uma Fiat Strada Working. Sem dúvidas, a chave do Argo é a que aparenta ser a mais frágil. Depois de alguns anos acostumado com a chave do Novo Palio — praticamente a mesma do 500, ou seja, muito bonita, compacta e com botões emborrachados, além de um plástico que aparente boa resistência — , levei um susto com a do novo membro da família, tanto pela fragilidade já citada quanto pela aparência, um pouco espalhafatosa demais para o meu gosto. Como eu saio com o carro para correr, preciso deixar a chave no bolso e ela, inevitavelmente, fica chacoalhando. Após três dias nessa rotina, a chave do Argo Trekking começou a fazer barulho, como se estivesse com algum componente interno solto. O logo também ficou mais mole do que estava inicialmente. Acabei comprando uma capinha para evitar riscos e tentar prevenir que algo grave aconteça.
Pontos positivos
Esses primeiros meses com o Argo mostram que ele é um carro apaixonante e de ótimo convívio: confortável, bonito, moderno e econômico, sem deixar de andar bem. Logo, é de fato um bom substituto para o Palio — para outros modelos, como Punto e Bravo, daí a história já não é a mesma…

Confortável e bonitão. O conforto do Argo é simplesmente incrível: a suspensão não é molenga, mas é extremamente macia; os bancos abraçam bem; tudo está à mão; e os materiais são todos de boa qualidade. Por fora, o carro também é muito bonito, mas já estamos “acostumados” por ser uma parte mais visível e o modelo já ter alguns anos de mercado, né? Assim, é por dentro que a mágica acontece: as luzes, a central multimídia, as texturas, o tecido dos bancos… Tudo mostra que, como sempre, a Fiat caprichou nos detalhes, mas, agora, com um upgrade tecnológico muito grande. A central multimídia é muito boa, intuitiva e rápida; tenho acesso aos apps com o CarPlay e tudo funciona muito bem. Além disso, a tela do computador de bordo no cluster é um item indispensável depois que se acostuma com ela. E, mesmo com 5 anos de ruas, um pouco menos para o Trekking, ainda foi possível fazer inveja aos vizinhos com o acertado design externo. 😛
Anda bem e gasta pouco. Não poderia deixar de elogiar o motor. Mesmo ainda estando na fase em que não posso exigir tanto dele, está se mostrando muito eficiente. Embora seja 1.3, sinto pouca falta do desempenho do Palio 1.6 EtorQ, que era mais potente (117 x 109 cv com etanol) e mais forte (16,8 x 14,2 kgfm com etanol), e a economia de combustível é surpreendente: em trechos que eu fazia 8,7 km/l com o Palio, agora faço entre 10,2 e 11 km/l!

Computador de bordo
- Período: janeiro-março de 2021.
- Distância percorrida: 1.029 km.
- Velocidade média: 34 km/h.
- Consumo: 9,8 km/L (abastecido 80% do período com etanol e rodando sempre em circuito misto)
- Ocorrências: chave com barulho estranho.
Sobre o Diário de bordo
Esta seção faz parte do conteúdo extra do Três e Meio, o podcast para quem gosta de carros da Fiat. Nela, acompanharemos os principais marcos da convivência de um Fiat Argo zero quilômetro com seu dono, relatando as experiências de compra, uso e manutenção do modelo.