Relembre 5 momentos da história do Fiat Palio — o grande nome da marca no Brasil

O Palio marcou a história da Fiat no Brasil e a nossa percepção da marca deve muito a ele. (Fiat/Divulgação)

Quem diria que daríamos adeus ao Fiat Palio, o hatch que ajudou a Fiat a fazer fama no Brasil, antes mesmo do fim de seus derivados, como Weekend, Siena e Strada? Pois foi o que aconteceu. Em 2017, após a chegada do Fiat Argo, o icônico hatch compacto da Fiat deu adeus ao nosso mercado com uma bagagem de fazer inveja. É verdade que não aposentou o Uno nem passou o Gol (com exceção de momentos isolados), mas, por outro lado, foi essencial para construir a imagem da marca no país.

Se ao ouvir o último episódio do podcast bateu aquela nostalgia, este post chega em boa hora! Confira a seguir cinco momentos da história do Palio que ajudaram a defini-lo como um ícone da Fiat.

A estreia do Palio, em 1996, trouxe um novo patamar para os carros de entrada no Brasil. Por fora e por dentro, o Palio era moderno, enquanto sua estrutura trazia avanços em relação ao Uno. (Fiat/Divulgação)

1. O lançamento

O Palio foi lançado no Brasil em abril de 1996 com o status de primeiro carro global da montadora. Mas, na verdade, o que a Fiat oferecia era uma evolução do Uno europeu — a plataforma e os motores eram bastante similares, só que com alterações significativas. Assim, enquanto a Europa recebia um projeto verdadeiramente novo (o Punto), a Fiat venderia em mercados emergentes um produto consideravelmente mais moderno do que os que eram oferecidos nos países em desenvolvimento, como o Brasil, sem deixar a competitividade de lado.

O Palio estreou com motores 1.5 e 1.6 16V, mas logo ganhou mais versões para assumir o caráter popular. (Fiat/Divulgação)

Isso não quer dizer que o Palio tenha sido um mero \”banho de loja\” em relação ao Uno. Não, o novo hatch provocou uma revolução ao ofertar itens como airbag duplo, freios ABS, barras de proteção nas portas e corte automático de combustível em caso de acidentes, além de uma nova suspensão e motores transversais. Aliás, eles passaram por várias melhorias, enquanto o design era extremamente moderno e de bom gosto, deixando o seu principal concorrente, o Volkswagen Gol, bastante para trás.

Palio Weekend foi exportado para a Europa e fez sucesso por lá. Vendida em versão única, a perua é vista até hoje pelas ruas do velho continente. (Fiat/Divulgação)

2. A família

Já em 1997, a Fiat apresentava o primeiro derivado do projeto 178: a perua Palio Weekend. Na sequência, vieram o sedã Siena, da Argentina, e a picape Strada — esta em 1999. Não é preciso dizer que logo eles fizeram sucesso: a Strada é líder do segmento até hoje, a Weekend rapidamente passou a ser a referência, roubando o posto que era da VW Parati, e o Siena sempre se posicionou entre os mais vendidos da categoria. Ou seja, a família Palio ajudou a estabelecer a marca Fiat como uma fabricante de volume e de qualidade no Brasil, bem como na América Latina.

A Strada à venda na Itália. (Fiat/Divulgação)

Para se ter uma ideia de como o projeto do Palio era moderno, logo a Fiat passou a oferecer algumas dessas derivações na própria Europa (afinal, o Punto não constituiu família no velho continente), mesmo não sendo o plano original. Por lá, o Palio Weekend — que tinha suspensão traseira herdada do Punto, e não do nosso Palio, é verdade — passou a ocupar um nicho pouco explorado pelas fabricantes, esbanjando robustez, espaço interno e capacidade de carga. A Strada também foi vendida na Itália pensando em um filão semelhante, mas voltado ao público interessado em veículos comerciais leves. O Siena não foi exportado para a Europa, mas deu origem ao Fiat Albea, produzido e vendido na Turquia, um sedã com a mesma base e design semelhante, mas maior.

Fiat Siena vs. Fiat Albea: cara de um, focinho de outro… (Fiat/Divulgação)

3. As reestilizações

Enquanto o primeiro Palio foi desenhado pelo estúdio I.D.E.A., de Turim, as reestilizações do carro foram feitas por Giorgetto Giugiaro, o famoso designer italiano responsável por desenhar carros como o próprio Uno, o VW Passat e o Punto que foi vendido no Brasil, além de ter salvo a Weekend em seu desenho original. Isso quer dizer que com exceção do quarto facelift, de 2007, todos os Palio foram desenhados por mãos italianas — até mesmo o Novo Palio é fruto do Centro Stile Fiat, e parece ter nascido de um rascunho do Bravo.

Reestilizado com grife, o Palio ficou mais careta… (Fiat/Divulgação)

A Fiat se aproveitou bem do projeto moderno do Palio original, o que atesta sua versatilidade e seu caráter revolucionário. Ainda hoje, em 2020, temos um modelo derivado do carro de 1996 sendo vendido no Brasil (com uma ajudinha do coronavírus, é verdade — se não fosse por ele, a Strada antiga já não estaria nas lojas), o que soa um demérito, mas na verdade mostra que o Palio se manteve atual e competitivo por muito tempo sem ter de passar por mudanças estruturais.

…mas logo Giugiaro se redimiu com um Palio mais bonito e mais completo. (Fiat/Divulgação)

A maior alteração veio na linha 2004, tido por muitos como o mais bonito Palio. Ele também mudou bastante no interior e trouxe itens como rádio com CD e MP3 player, além de entrada USB e Bluetooth, airbags laterais, sensores crepuscular e de chuva e motores atualizados com a tecnologia flex. Marcou também a volta da versão esportiva \”R\”, que fez sucesso com o Uno nos anos 1980 e 1990. No entanto, a mudança posterior, de 2007, ficou mais careta (para agradar o mercado chinês) e não introduziu muitas novidades — logo, foi a carroceria que fez menos sucesso na história do carro.

Versão 1.8R, com ar esportivo, amenizava os problemas do facelift, mas não foi fácil conviver com \”o Palio mais belo de todos os tempos\”. (Fiat/Divulgação)

4. A nova geração

Em 2011, a Fiat finalmente dava a seu compacto a merecida atualização que o público já procurava. Apesar de o Palio ter envelhecido bem, o seu último facelift não foi bem aceito pelo mercado e, por um lado, a Volkswagen tinha atualizado o seu Gol com muito sucesso, enquanto de outro novos concorrentes estavam à beira de surgir: Chevrolet Onix e Hyundai HB20, hoje queridinhos. Nesse contexto, a Fiat aproveitou plataforma, motorizações e algumas peças do Novo Uno, que foi muito bem aceito, para lançar o Novo Palio seguindo a mesma filosofia, mas com uma proposta menos lúdica e um degrau acima do que o Uno.

Palio com motor de Mini? Teve sim, senhor. A nova geração trouxe os motores 1.0 e 1.4 Fire Evo do Uno e 1.6 16V E.torQ, cuja origem remonta aos carros da Chrysler e da BMW. (Fiat/Divulgação)

A nova geração resultou num carro consideravelmente maior, com estrutura mais moderna e segura, novos motores, equipamentos como piloto automático e retrovisores elétricos com sistema tilt-down e um design inspirado nos Fiat 500, Bravo e Punto. Essa geração infelizmente não chegou a ganhar um facelift capaz de dar uma sobrevida ao Palio, que após atingir o ápice nas vendas em 2014, quando finalmente fechou o ano como líder do segmento e carro mais vendido do país, foi perdendo terreno. A Fiat não fez um bom trabalho em atualizá-lo, principalmente no que diz respeito à conectividade, e a defasagem só foi corrigida com o lançamento do Argo, em 2017. Clique aqui para conferir um comparativo entre os modelos.

5. O legado

O Palio ajudou a construir a imagem que a Fiat teve por muito tempo — e tem até hoje, de alguma maneira, apesar de ela lutar para alterá-la. Se por um lado, a marca reafirmou sua força no campo dos carros compactos, foi também graças ao Palio que muito da aura de fabricante inovadora e ágil se formou. Isso porque o hatch e sua família apresentaram tecnologias importantes, inauguraram segmentos e caíram no gosto do brasileiro. Foram mais de três milhões de unidades produzidas — o que não é pouco. Além disso, o Palio foi vendido em países como Síria, Marrocos, Rússia, Índia, Vietnã, China e Egito, sem contar os da América Latina e da Europa.

Até versão elétrica o Palio rendeu: o Palio Weekend Elétrico foi utilizado em Itaipú. (Fiat/Divulgação)

No Brasil, o Palio, além de democratizar a oferta de equipamentos de segurança e conforto no segmento de entrada, fez a concorrência evoluir em qualidade de acabamento e em dirigibilidade, pois a partir dele novos modelos de ajustes dinâmicos foram introduzidos no mercado. A Fiat ainda ofereceu iniciativas \”populares\” na eliminação da embreagem, como o Palio Citymatic e o câmbio Dualogic, além de câmbio de seis marchas. A popularização do sistema flex também encontrou na família Palio um ponto essencial.

Fiat Palio Abarth Rally 1.8R da dupla Luís Tedesco e Marcos Debien no Campeonato Brasileiro de Rally 2008. O Palio venceu não apenas três Carros do Ano como também alguns campeonatos da rally. (Reprodução)

Por fim, a Strada apresentou cabine estendida, cabine dupla, três portas e agora quatro — sempre de olho no que o público pedia. A Weekend inaugurou a moda dos aventureiros urbanos, essencial para o sucesso dos SUVs compactos. Muitos deles, inclusive, até hoje não oferecem um equipamento como o Locker, capaz de elevar a capacidade off-road em algum nível. O Siena Tetrafuel foi capaz de oferecer um carro confiável e com garantia de fábrica para quem buscava a economia do GNV.

E o Palio fez tudo isso sempre com muita personalidade e uma boa dose de coragem. ❤️

Ouça o episódio do Três e Meio sobre o Novo Palio:

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