
E o Argo encarou a sua primeira grande viagem. Foram três dias, 645 km, mais de 17 horas de motor ligado e pelo menos três situações diferentes de uso, que demonstraram a versatilidade da versão Trekking.
O destino escolhido foi a região da Serra da Mantiqueira, mais especificamente, os municípios de Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, que faz divisa com o estado de Minas Gerais. O objetivo era um pouco inusitado: colocar o Trekking para fazer uma das trilhas disponíveis no app Jeep Trilhas, dedicado aos modelos primos do Argo.

Subindo a serra
Antes de falar da trilha em si, é bom ressaltar o percurso para se chegar até lá. Embora a trilha do Vale do Baú indicada pela Jeep estivesse em São Bento do Sapucaí, a cidade escolhida para o “centro de operações” foi Campos do Jordão, considerado o mais alto município brasileiro (quando se leva em conta a altitude da sede), já que a cidade fica a 1.628 metros de altura.
A 173 quilômetros da capital paulista, a principal via de acesso para a cidade, famosa pela sua arquitetura ao estilo suíço, é a rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro. No meu caso, antes, foi preciso enfrentar um trânsito chato para se chegar à capital paulista, na Marginal Tietê, para então ingressar na rodovia Ayrton Senna/Carvalho Pinto.
O carro não estava com carga máxima, mas também não estava vazio: eram três ocupantes mais as bagagens no porta-malas. Desse modo, subir a serra já se provou um primeiro teste, cumprido com competência, mas sem grande brilho, pelo motor Firefly 1.3. Longe de demandar trocas constantes de marcha como os motores 1.0, o motor, no entanto, sofreu em algumas ocasiões, pecando de vez em quando ao apresentar uma letargia quando se pisa fundo no acelerador, o que não é novidade para quem leu o post anterior.

Essa situação viria a se repetir nas sinuosas estradas da região, que ligam Campos do Jordão a São Bento do Sapucaí, como a rodovia Monteiro Lobato. Em alguns momentos, o motor lidou muito bem com as subidas, já em outros a sensação foi de que ficou devendo. O mais curioso é que não parecia haver uma consistência no padrão de comportamento. Por outro lado, mesmo sendo mais alto, o Argo Trekking lidou bem com as curvas, nunca deixando de passar a sensação de segurança.
Trilha? Mas com um Argo?
Chegando a São Bento do Sapucaí, foi possível fazer um primeiro trecho da trilha, em pista asfaltada, contemplando a linda paisagem com vista para a Pedra do Baú e cachoeiras em meio a montanhas. Depois, foi a vez de entrar em uma Área de Proteção Ambiental, a APA Sapucaí-Mirim, para visitar o Monumento Natural Estadual (MoNa), onde fica a Pedra do Baú.
Aqui começou o primeiro trecho, curto, de estrada de terra, que nos levou até a entrada do parque. Por sorte, em virtude do baixo movimento, o Argo Trekking pôde subir ao ponto alto da trilha e posar diante da Pedra para algumas fotos dignas do app da Jeep.

A segunda parte do passeio foi feita à tarde, contemplando um trecho bem maior de estrada de terra, que nos levou ao sul de Minas Gerais. O Argo Trekking encarou tudo sem maiores desafios e, mais uma vez, contemplou paisagens belíssimas. A estrada estava como descrita no Jeep Trilhas: adequada para carros com tração 4×2 e de dificuldade leve.
Mas por que colocar o Argo para fazer uma trilha “de Jeep”? Bem, esse passeio vinha sendo planejado antes de eu fazer a troca do Palio Sporting pelo Argo, e a ideia era ter um Jeep para esses três dias. Mas, diante da mudança de carro, optei por experimentar como o Argo se sairia, já que ele tem algumas características muito parelhas a alguns “SUVs” e ao próprio Jeep Renegade 4×2:
- Ângulo de ataque: 27º (Renegade flex) vs. 21º (Argo Trekking).
- Ângulo de saída: 31º (Renegade flex) vs. 31,1º (Argo Trekking).
- Altura livre em relação ao solo: 21,5º (Renegade flex) vs. 21º (Argo Trekking).
Nada mau para o Fiat, né? Lembrando que o Argo ainda conta com pneus Pirelli Scorpion ATR, de uso misto.
É um pacote melhor do que modelos como VW T-Cross (cujas medidas são respectivamente: 20,7º; 30,2º; e 19,1 cm), Chevrolet Tracker (17º; 28º; e 15,7 cm) e Hyundai Creta (21º; 28,4º; e 19 cm), alguns dos ditos SUVs mais vendidos do mercado.

Evidentemente, foi preciso escolher uma trilha adequada ao carro, que apesar de extensa era, como dito, leve e testada pela Jeep com seus modelos 4×2. Além de seguir as instruções do app (que fornece um checklist do que fazer antes de sair, bem como um mapa), acompanhei o conteúdo de uma playlist da Jeep com dicas de condução off-road, já que nunca tinha feito algo do tipo antes.
Relatei a minha experiência com o app da Jeep nos Stories do Três e Meio, salvos nos destaques do Instagram. Embora tenha espaço para melhoras, ele forneceu certa segurança e foi de grande utilidade.
O mesmo pode ser dito do Argo: versátil, o modelo deu conta de transitar entre serra, estrada de terra e trânsito urbano (em Campos do Jordão). Embora com algumas pequenas ressalvas, como o motor apenas justo em trechos mais rígidos ou a falta de tração mais parruda, ele provocou bom divertimento e contemplou belíssimas paisagens, tudo com competência, conforto e economia de combustível (a média na viagem, com gasolina, foi de 13,7 km/L, com velocidade média de 37 km/h). O estigma de aventureiro deu lugar à imagem de um carro pronto para o que der e vier.

Computador de bordo
- Período: janeiro-agosto de 2021.
- Distância total percorrida: 4.091 km.
- Velocidade média: 37 km/h.
- Consumo: 11 km/L (abastecido 60% do período com etanol e rodando sempre em circuito misto, inclusive com trechos em estrada de terra).
- Ocorrências: chave com barulho estranho (100 km).
Sobre o Diário de Bordo
Esta seção faz parte do conteúdo extra do Três e Meio, o podcast para quem gosta de carros da Fiat. Nela, acompanharemos os principais marcos da convivência de um Fiat Argo zero quilômetro com seu dono, relatando as experiências de compra, uso e manutenção do modelo.