Fiat enfim liberou atualização para sistema híbrido-leve de Pulse e Fastback. Mas resolveu alguma coisa?
Depois de uma espera que se iniciou em fevereiro, a Fiat finalmente liberou uma atualização de software para Pulse e Fastback híbridos no último dia 12. Com ela, vem a promessa de que a função E-Assist do sistema MHEV dos SUVs funcione de modo mais regular e contínuo.
Eu já fiz a atualização no meu Pulse Impetus T200 Hybrid e, agora, conto se mudou alguma coisa ou não.
Confira o conteúdo em vídeo no YouTube do Três e meio:
Qual era o problema dos híbridos da Fiat?
Como relatei no episódio 84 do podcast, não se trata exatamente de um problema, e sim de uma programação que a Stellantis adotou para seu primeiro conjunto eletrificado produzido no Brasil.
Graças a essa programação, uma das principais funções do sistema, o E-Assist, acabava tendo uma atuação limitada.
E o que é o E-Assist do sistema híbrido-leve da Fiat? Trata-se de uma assistência que o pequeno motor elétrico dá ao motor a combustão. A Fiat chama isso de “impulso”.
Funciona assim: durante acelerações e retomadas, as baterias de lítio e chumbo fornecem energia para o motor elétrico, que gera torque adicional para o motor a combustão, reduzindo o consumo de combustível do veículo.
A questão é que para essa funcionalidade ser ativada existem algumas condições. Como relatou a revista Quatro Rodas, que também tem um Pulse Impetus T200 Hybrid em sua frota, boletins técnicos da montadora indicam que, para o sistema estar ativo, é necessário que a carga da bateria de chumbo esteja nos 80%, pelo menos, enquanto a bateria de lítio demanda no mínimo 30% de carga.
Esses níveis foram confirmados também no diagnóstico que recebi para o meu carro, feito após eu estranhar a pouca atuação do sistema mesmo após a fase de amaciamento do motor, que ocorre até 1.600 km. Em um dos primeiros episódios sobre o Pulse Hybrid, de dezembro de 2024, eu já comentava o assunto:
Quando o veículo fica parado por períodos relativamente longos (por exemplo: um dia), a bateria de chumbo acaba perdendo carga – algo considerado normal. Mas, com isso, essa funcionalidade em específico deixa de ser ativada, dando a impressão de que o sistema está com alguma falha.
No início do ano, a Fiat parece ter sido pega de supresa quando alguns proprietários, incluindo a maior revista do país e eu, vimos esse funcionamento como um problema. A marca, depois de alegar que seria uma característica do carro, voltou atrás e decidiu explicar melhor como o sistema funciona, prometendo também a tal atualização para contemplar mais “perfis de uso” de diferentes clientes.
E a atualização mudou alguma coisa?
Em testes preliminares, sim. Se antes o E-Assist se desativava com frequência, bastando um ou dois dias sem usar o carro para que a função demorasse dias e, às vezes, até semanas para atingir os requisitos mínimos e voltar à vida, agora a coisa está bem diferente.
Foram realizados dois testes que mostram na prática o que mudou.
No primeiro caso, logo após ter feito a atualização, o carro ficou sem impulso. No caminho até a concessionária, uma viagem de 25 minutos, o E-Assist estava ativo. Mas, ao chegar lá, o carro ficou parado por cerca de 2 horas e a carga da bateria foi embora. Isso foi na segunda-feira à noite.
Porém, a novidade foi que durante o retorno – uma viagem de cerca de 50 minutos, com trânsito urbano intenso, que dificulta a regeneração da bateria – os impulsos voltaram a existir. Mais do que isso, na manhã do dia seguinte, eles também estavam lá.
O carro ficou parado, então, por mais de 24 horas: da terça-feira de manhã até o início da tarde de quarta-feira. Um período que, antes da atualização, já seria suficiente para desativar a função. A surpresa foi que, ao sair com o carro de casa por volta das 13h, o E-Assist permanecia ativo – e assim ficou durante toda a viagem de cerca de 50 minutos, bem como no retorno para a casa 6 horas depois.
O segundo teste foi feito deixando o carro parado por uma semana.
Nesse cenário, o Pulse foi utilizado pela última vez numa quinta-feira à noite, quando o E-Assist estava ativo. Uma semana depois, na quinta-feira à tarde, obviamente o sistema não funcionou logo de cara.
Mas o tempo de retorno foi drasticamente menor quando comparado com o sistema pré-atualização.
A primeira função a voltar foi o start&stop, com 41 minutos de motor ligado. Durante a viagem da quinta-feira, que durou 1h10min e contemplou trajeto misto, com algumas paradas, o E-Assist não voltou à vida. Mas, no dia seguinte (ou seja, mais de 24 horas depois), ao sair com o carro de casa a função já estava ativa de novo.
Antes da atualização, o carro chegou a levar 4 horas não consecutivas em um dia de uso para ter o sistema ativado. Ele também passou semanas com o E-Assist desativado, já que nem sempre eu usava o carro todos os dias da semana e muitas vezes meus trajetos são curtos, levando menos de uma hora nos deslocamentos de ida e volta.
Confira no episódio 88 mais da minha experiência com o Fiat Pulse T200 Hybrid e uma comparação com o Pulse Audace Turbo 200 que eu tinha antes
Algumas pessoas relataram que o impulso está sendo limitado no início ou quando a carga da bateria está baixa. Mas confesso que ainda não notei isso no meu carro.
Em tese, o que define a intensidade do impulso é o esforço que você exige do acelerador, e nos testes que eu fiz, mesmo logo ao ligar o carro ou com a carga da bateria baixa, o impulso chegou e apresentar fôlego total, desde que se pise fundo no pedal.
Mas faria sentido a Fiat ter programado algo nessa lógica, uma vez que a regeneração já funciona assim. Seria um modo de poupar o sistema de maiores desgastes.
Outra percepção inicial advinda da atualização é que o sistema está atuando de modo muito mais frequente em velocidades maiores, acima dos 80 km/h. Antes, o impulso acontecia nesse cenário, mas em poucas ocasiões, como num trecho mais íngreme ou ao sair do pedágio, por exemplo. Agora, em certos momentos, o raio no painel de instrumentos fica azul por longos períodos, indicando que o E-Assist está em vigor mesmo em aceleração constante na estrada.
Portanto, até agora, o resultado da atualização tem sido bastante positivo.
Como fazer a atualização
Em nota (veja abaixo) divulgada às revistas Quatro Rodas e Autoesporte, a Fiat diz que não é necessário fazer agendamento para ter o carro atualizado. Além disso, seriam necessários apenas de 10 a 15 minutos para isso.
Na prática, porém, alguns proprietários estão enfrentando resistência das concessionárias, que dizem que não há uma atualização disponível para os híbridos da Fiat.
Isso também aconteceu comigo, pois aparentemente não houve um comunicado oficial transmitido à rede – ao menos, não no dia em que eu estive na concessionária. Os consultores pesquisaram pela placa do carro e de fato não encontraram atualização para o sistema.
No entanto, ao conectar o carro diretamente no computador da oficina, que mostra todos os módulos eletrônicos do carro, a atualização para o módulo BSG estava disponível. Ela foi feita, de fato, em torno de 10 minutos.
Logo, insista com a oficina da concessionária e faça valer o direito de usufruir de todas as funcionalidades do carro que você comprou. A ajuda do sistema híbrido-leve pode ser simples e pequena, mas existe e tem potencial para mudar a relação com o carro. Para muito melhor, diga-se de passagem.
Leia a última nota da Fiat sobre o assunto:
Únicos em seus segmentos, Pulse e Fastback são os primeiros modelos híbridos da Fiat e reforçam o legado de inovação e o protagonismo da marca. A tecnologia favorece a transição para uma mobilidade de baixo carbono, oferecendo mobilidade limpa, segura e acessível ao consumidor.
Com uma proposta inovadora, os modelos são conectados e permitem a acesso aos dados sobre o carro, permitindo medir a forma como os clientes utilizam os produtos no dia a dia. A conectividade oferece a oportunidade de idealizar novas tecnologias futuras, assim como promover melhorias para a experiência de nossos atuais consumidores.
Neste sentido, a Fiat passou a oferecer aos clientes de Pulse e Fastback um pacote de atualização do funcionamento do sistema híbrido. De maneira simples e rápida, o consumidor poderá atualizar o sistema em qualquer uma das concessionárias da rede, para garantir que o potencial do veículo seja explorado ao máximo.
O E-Assist (sistema híbrido), dotado de uma central que gerencia os níveis de carga das baterias, foi recalibrado nesta atualização, ajustando o estado de carga das duas baterias para maximizar a operação sistema. Desta forma, a central que monitora os níveis de carga das baterias diminuiu significativamente os momentos em que o E-Assist é desabilitado, permitindo que o sistema seja acionado mais vezes.
Com o novo software, os acionamentos do sistema híbrido foram ampliados, visando abranger um grupo ainda maior de clientes que possuem um tipo de uso muito específico e/ou esporádico do carro.
Dos mais de 15 mil carros vendidos entre Pulse e Fastback, menos de 130 clientes (0,8%) relataram dúvidas sobre o tema em nossos canais de atendimento. A atualização não é obrigatória, mas é recomendável e, por isso, os sistemas serão atualizados em todos os carros que passarem pelas concessionárias.
Desta forma, a marca reitera a qualidade de seus produtos, o respeito aos seus consumidores e permanece à disposição de seus clientes para esclarecer dúvidas por meio da rede de concessionárias, bem como por seus canais de atendimento (2123-6000 ou 0800 707 1000).